Andamos por Corumbá quase inteira. É uma cidade pequena, porém muito interessante. Quando deu 23h percebi que estava morrendo de fome e me lembrei que nada comia desde as 9 da manhã quando comi um salgado numa parada do ônibus. Fomos a uma pizzaria e ficamos um bom tempo por lá, até pq eles esqueceram de anotar nosso pedido, então nossa pizza demorou muito pra içar pronta... hahaha. Mas foi ótimo pq conversamos muito e rimos bastante.
Voltamos para o albergue umas 2 da manhã, Danilo seguiu pra sua casa e eu e Mora fomos dormir. Deitamos no mesmo quarto e ficamos conversando por muito tempo. Ela é muito querida e tem ótimas observações sobre nosso comportamento e maneira de viver brasileira.
O sono veio vindo e quando ia me despedir desejando boa noite ela perguntou para mim em “portunhol”: “Puedo te pedir um favor muy extraño?” Respondi que claro. Ela virou-se em minha direção e com os olhos bem tristes me pediu que a abraçasse. Levantei de minha cama, fui até sua direção e quando a abracei senti seu coração bater forte e a seguir começou a chorar. Ela então me contou que era o primeiro abraço que havia dado no Brasil. Fiquei bastante espantado, primeiro com a insensibilidade das pessoas que ela encontrou por aqui e depois com a minha falta de sensibilidade com ela. Quando a vi pela primeira vez ela deu um sorriso tão grande de boas vindas que a imaginei como a pessoa mais feliz do mundo e não reparei o quanto a coitada sofria. Senti até um pouco de culpa.
Mas foi um momento mágico pra ela e pra mim também. Ficamos deitados abraçados por um longo período conversando sobre tudo e principalmente sobre as dificuldades de se viajar sozinho, a carência é uma delas. Quando a viagem é curta não há problema, porém Mora já está viajando por mais de 6 meses. Não sei se consigo ter noção do que é viajar por tanto tempo assim sem dinheiro, sem destino, pedindo carona e trabalhando em troca de comida. Que fique claro que em nenhum momento ela disse estar arrependida de nada que havia feito e que estava amando a viagem, só que naquele instante precisava de um ombro amigo para chorar um pouco.
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