domingo, 12 de junho de 2011

Conheci Danilo que mora em Corumbá e é amigo da Mora, eles se conheceram através do Couch Surfing (não tenho certeza de como se escreve) que é um site de relacionamentos cujo o objetivo é de encontrar pessoas que gostam de viajar e arrumar lugares para ficar. Parece ser bem interessante, já ouvi várias vezes sobre ele e sempre esqueço de olhar como funciona. Enfim, eu, Mora e Danilo fomos para a praça na festa junina e para nossa surpresa o espetáculo já havia acabado! Mas a praça estava linda, toda enfeitada com bandeirinhas e barraquinhas de comidas, ainda havia muitas pessoas por lá. Tomei uma cerveja e eles uma coca, pq não bebem, e resolvemos caminhar pela cidade.


Eu, Mora e Danilo




Andamos por Corumbá quase inteira. É uma cidade pequena, porém muito interessante. Quando deu 23h percebi que estava morrendo de fome e me lembrei que nada comia desde as 9 da manhã quando comi um salgado numa parada do ônibus. Fomos a uma pizzaria e ficamos um bom tempo por lá, até pq eles esqueceram de anotar nosso pedido, então nossa pizza demorou muito pra içar pronta... hahaha. Mas foi ótimo pq conversamos muito e rimos bastante.


Voltamos para o albergue umas 2 da manhã, Danilo seguiu pra sua casa e eu e Mora fomos dormir. Deitamos no mesmo quarto e ficamos conversando por muito tempo. Ela é muito querida e tem ótimas observações sobre nosso comportamento e maneira de viver brasileira.


O sono veio vindo e quando ia me despedir desejando boa noite ela perguntou para mim em “portunhol”: “Puedo te pedir um favor muy extraño?” Respondi que claro. Ela virou-se em minha direção e com os olhos bem tristes me pediu que a abraçasse. Levantei de minha cama, fui até sua direção e quando a abracei senti seu coração bater forte e a seguir começou a chorar. Ela então me contou que era o primeiro abraço que havia dado no Brasil. Fiquei bastante espantado, primeiro com a insensibilidade das pessoas que ela encontrou por aqui e depois com a minha falta de sensibilidade com ela. Quando a vi pela primeira vez ela deu um sorriso tão grande de boas vindas que a imaginei como a pessoa mais feliz do mundo e não reparei o quanto a coitada sofria. Senti até um pouco de culpa.


Mas foi um momento mágico pra ela e pra mim também. Ficamos deitados abraçados por um longo período conversando sobre tudo e principalmente sobre as dificuldades de se viajar sozinho, a carência é uma delas. Quando a viagem é curta não há problema, porém Mora já está viajando por mais de 6 meses. Não sei se consigo ter noção do que é viajar por tanto tempo assim sem dinheiro, sem destino, pedindo carona e trabalhando em troca de comida. Que fique claro que em nenhum momento ela disse estar arrependida de nada que havia feito e que estava amando a viagem, só que naquele instante precisava de um ombro amigo para chorar um pouco.


É incrível como esse momento nos aproximou. Não sei explicar muito bem, mas fez muito bem pra nós dois. Depois de tudo ela me agradeceu pela paz de espírito renovada, nesse momento me arrepiei pela sinceridade que senti na sua voz. Isso já era mais de 4 da manhã, ela logo adormeceu e eu fiquei tentando entender tudo o que havia acontecido ali.

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